No ano de 2024 o consumo global de vinhos enfrentava um leve declínio devido a mudanças nos hábitos de consumo e restrições econômicas, mas o Brasil se destacou como uma exceção: vendas crescendo e uma curiosidade pelo universo vinícola. Em outras partes do mundo as mudanças nos hábitos de consumo e as restrições econômicas freiam o interesse por bebidas alcoólicas, contudo, no país, o vinho é abraçado como uma experiência sensorial e cultural em constante evolução.
“Enquanto o mundo lida com um cenário mais contido, o Brasil encontra no vinho um universo de possibilidades a ser explorado, tanto como um prazer gastronômico quanto como uma jornada cultural. O país segue um roteiro próprio, desafiando tendências e reafirmando sua identidade como um mercado vibrante e em expansão”, afirma Jonas Martins, gerente comercial da MMV Importadora, empresa com sede em Curitiba.
Considerando esse cenário, a MMV elencou algumas perspectivas para 2025 e mostra como a importadora se preparou para encarar esses desafios:
1 – Mais que clássicos
O paladar brasileiro, historicamente dominado por rótulos argentinos, chilenos e portugueses, vem ganhando novos horizontes com a ascensão de vinhos franceses, italianos e espanhois. Entre eles, estão vinhos requintados da Ribera del Duero, na Espanha, cada vez mais populares que devem ressoar bem com o gosto brasileiro, oferecendo uma excelente alternativa aos conhecidos Malbecs argentinos e Cabernet Sauvignons chilenos.
2 – Descobertas Exóticas e Acessíveis
O interesse por vinhos de regiões menos convencionais como Eslovênia, Hungria e Macedônia começam a atrair atenção. Da mesma forma, regiões como Nova Zelândia e Austrália apresentam vinhos que dialogam com o perfil tropical do brasileiro, como o Andrew Mcpherson Shiraz e o exclusivo Tahbilk Old Vines Cabernet Shiraz.
O vinho australiano Andrew Mcpherson Shiraz é produzido pela Mcpherson Family Vineyards, na região de Victoria. O processo de fermentação em tanques de aço inox com braços varredores permite uma leve e constante remontagem, visando extrair mais cor e suavizar os taninos. Ele é envelhecido por 12 meses em carvalho francês e revela aromas intensos de frutas escuras, como cereja preta, mirtilo, ameixa e jabuticaba, complementados por pitadas de pimentas-pretas e doces.
Já o Tahbilk Old Vines Cabernet Shiraz, da Tahbilk Estate é feito a partir de vinhedos de Syrah plantados em 1860 e 1933 e de Cabernet de 1949, envelhecido por 18 meses em barris de carvalho francês e americano. É complexo, pronto para ser apreciado, mas também adequado para guarda prolongada. No aroma, especiarias e ervas aparecem inicialmente, seguidas por frutas escuras maduras. No paladar, é suculento, destacando o sabor de cedro bem integrado com as notas frutadas. Considerado um grande vinho, é vendido no Brasil em edição limitada.
3 – Exclusividade e Sofisticação
Além disso, o mercado premium ganha força com iniciativas como a importação do renomado Brunello di Montalcino 2016 Paradiso di Cacuci, um rótulo icônico da Toscana, disponível em edições especiais. É um vinho italiano da Toscana, elaborado exclusivamente com uvas Sangiovese da safra de 2016 e possui teor alcoólico de 14%. A colheita é manual, e a fermentação ocorre em tanques de aço inox com temperatura controlada, seguido por um envelhecimento de 24 meses em barris de carvalho da Eslavônia. Seus aromas incluem frutos silvestres maduros, tabaco e couro, enquanto o bouquet evolui para notas de cogumelos e terra molhada. No paladar, é envolvente e equilibrado, destacando frutas passas e um leve defumado, um exemplar magistral para qualquer adega.
4 – Blends: A nova tendência
No Chile, os vinhos de corte, ou blends, vêm ganhando popularidade, um reflexo de consumidores que buscam experiências mais diversificadas. Essa tendência já dá sinais de chegar ao Brasil, oferecendo uma alternativa interessante aos tradicionais varietais, como Cabernet Sauvignon e Carménère. “Os blends representam inovação e complexidade, características que estão cada vez mais em alta no gosto dos brasileiros”, explica Martins.
Ele ainda ressalta que “essa tendência reflete um mercado que, embora bem estabelecido, está aberto a inovações e experiências. Assim, espera-se que essa preferência por blends atinja o mercado brasileiro com força em 2025, à medida que os consumidores busquem novas experiências enológicas e abraçam a diversidade de sabores que os vinhos de corte têm a oferecer” ressalta o gerente da MMV.